Desde dezembro de 2024, os títulos públicos de longo prazo emitidos pelo Tesouro Nacional registram uma taxa real acima de 7% ao ano — patamar que não era visto de forma contínua desde os momentos mais críticos do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016.
A resistência do mercado em aceitar prazos mais longos para o financiamento da dívida pública revela a falta de confiança dos investidores na atual condução fiscal do governo Lula. Para especialistas, o quadro indica que o Planalto tem encontrado dificuldades não apenas para controlar gastos, mas também para oferecer sinais firmes de que pretende reverter a trajetória de endividamento.
Os títulos Tesouro IPCA, que pagam juros reais acrescidos da inflação, são os mais afetados. O papel com vencimento em 2032, por exemplo, saltou de 5,45% no início de 2023 para 7,84% neste mês de abril. Já o título com vencimento em 2035 chegou a 7,57%.
Até mesmo os títulos de curto prazo, como o Tesouro IPCA 2026, viram seus juros subirem para 9,51%, refletindo uma percepção generalizada de risco.