Nesse contexto, há pelo menos quase 10 anos, a partir da condução do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o Supremo Tribunal Federal tem assumido uma posição cada vez mais ativa na cena política brasileira. Em parte, porque o Legislativo mostrou-se, em certos momentos, omisso ou complacente com ameaças à ordem democrática. Em parte, também, porque o próprio Executivo tem flertado com discursos e práticas de sistemas ditatoriais mundo afora.
O risco de que essa atuação transborde para o campo da governança cotidiana é real — e perigoso. Democracias fortes dependem de pesos e contrapesos. Quando um poder se agiganta para suprir a fraqueza dos outros, o sistema desequilibra.
Concluindo, o STF é, ao mesmo tempo, produto e protagonista de uma democracia em tensão. A história julgará. Mas enquanto isso, cabe à sociedade — e às instituições — manterem vigilância sobre seus guardiões. Porque até mesmo a defesa da democracia precisa ter limites democráticos.