Imagine a cena: véspera de Natal de 2022, Aeroporto de Brasília. Famílias correndo com malas, crianças ansiosas por viagens de fim de ano, o burburinho típico de um dos lugares mais movimentados da capital. De repente, um plano sinistro é descoberto. George Washington de Oliveira Sousa, um homem de 54 anos vindo do Pará, tenta explodir um caminhão-tanque carregado com 60 mil litros de querosene de aviação.
Se a bomba tivesse funcionado — e só não funcionou por um erro técnico —, o fogo e a destruição poderiam ter engolido o aeroporto, matando centenas, talvez milhares, além de causar um desastre ambiental irreparável. A intenção dele? Semear o caos, talvez até impedir a posse de Lula, como ele mesmo confessou à polícia. No mesmo dia, foi preso. Em seu apartamento, um arsenal: armas, explosivos, dinamite. Um terrorista em ação.
Pelos crimes cometidos, George foi condenado a 9 anos e 8 meses de prisão por:
A sentença foi proferida pelo juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília, e posteriormente revista em segunda instância pelo desembargador Jansen Fialho de Almeida, que, a pedido do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), aumentou a pena de George para 9 anos e 8 meses de prisão, com base na violação do Estatuto do Desarmamento.
Curiosamente, o caso não foi julgado por Alexandre de Moraes, apesar de sua alegada conexão com as investigações do 8 de janeiro. Embora, em maio de 2024, o ministro tenha determinado que parte da investigação sobre a tentativa de explosão no Aeroporto de Brasília tramitasse no STF, o julgamento e a condenação de George Washington de Oliveira Sousa permaneceram na Justiça do Distrito Federal sem a interferência do STF.
Assim, a Justiça não demorou a aliviar sua pena. Em maio de 2024, George passou para o regime semiaberto, que permite que ele saia da prisão para trabalhar. E, em fevereiro de 2025, apenas dois anos após a tentativa de ataque terrorista, ele foi liberado para o regime aberto, podendo agora circular livremente.
Um homem que tentou explodir um caminhão de combustível em uma área movimentada, o que poderia ter matado centenas de inocentes, está solto e pode levar uma vida normal. Enquanto isso, Débora Rodrigues, mãe de duas crianças, segue presa por ter escrito com batom em uma estátua. Faz sentido?
David Agepe
A investigação.