FERREIRA GULLAR
São Paulo, domingo, 28 de março de 2010 - Folha Ilustrada
Em um editorial publicado neste sábado, 11, o jornal Folha de S.Paulo responsabilizou diretamente o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo descontrole da inflação em 2024. O texto aponta a escalada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e descreve como a falta de prudência fiscal do governo pode gerar consequências graves, como impacto negativo na atividade econômica e nos empregos.
Presidente do Banco Central
Explica Estouro da Inflação
Embora a inflação de 2024 (4,83%) tenha sido apenas ligeiramente maior do que a
registrada em 2023 (4,62%), o jornal destaca que o principal problema está na
pressão generalizada sobre os preços, especialmente no setor de serviços. A
Folha observa que os serviços possuem “característica mais estrutural e de
difícil combate, normalmente exigindo aperto para conter a demanda e desaquecer
a economia”.
Em uma carta aberta ao ministro da Fazenda, divulgada na sexta-feira, 10, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, explicou as razões do estouro da inflação e as medidas necessárias para trazer o índice de volta à meta. De acordo com a análise da Folha, o editorial aponta quatro fatores principais para o descontrole:
Peso do Dólar e Alívio do
Petróleo
O jornal enfatiza a relevância da cotação do dólar, que teve um aumento médio
de 24,5% entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, contribuindo com 1,21 ponto
percentual no desvio da inflação. Apesar disso, a Folha também reconhece o
alívio gerado pela queda no preço do petróleo no mercado internacional, que
evitou um impacto ainda maior.
Reflexos no Dia a Dia e a
Preocupação com o Emprego
No encerramento do editorial, o jornal expressa preocupação com os reflexos da
inflação sobre a economia real. A alta de preços, combinada com as fragilidades
fiscais, deve gerar um impacto significativo na atividade econômica e no
mercado de trabalho. Segundo a análise, isso poderia ter sido evitado se o
governo federal tivesse adotado uma postura mais prudente e responsável:
“Parece inevitável um impacto danoso na atividade e no emprego, o que seria
desnecessário se houvesse maior prudência por parte da administração petista”.