É a pergunta feita por J. R. Guzzo em seu artigo na Oeste 237 desta semana. A resposta, obviamente, pode ser dada por qualquer adolescente de nosso Brasil atual. Aliás, por muito mais gente mundo afora, incluindo os dirigentes e parlamentares dos países que se submetem ao regime democrático. Nunca será igual as daqueles que conduzem ditaduras na Coreia do Norte, Rússia, Venezuela, China, Irã e seus similares. Destes, os brasileiros que estão arrastando o Brasil para o fundo do poço são muito amigos e têm em comun, como interlocutor brasileiro, o diplomata Celso Amorim.
Guzzo afirma que [ ... ] "Em comemoração ao seu primeiro ano no cargo, e num dos seus piores momentos de comentarista de si mesmo, Barroso, presidente do STF, proclamou que o seu “legado” será a “total recivilização” do Brasil. Põe fundo do poço nisso. Quem disse, em primeiro lugar, que ele vai deixar algum tipo de legado? Até agora, ao que se saiba, só ele mesmo. E essa “recivilização”, o que seria, além de uma palavra pretensiosa, falsamente erudita e basicamente tola?
[ ... ] O ministro quer que você acredite que o país vivia na barbárie até ele chegar à presidência do STF. É uma bobagem classe platinum plus extra magnum, que pode ser verificada em qualquer cartilha de curso primário. Muito pior, é uma afirmação mentirosa, neurótica e mal-intencionada. Se existe alguma coisa indiscutível na conduta do STF nos últimos cinco anos é exatamente o contrário: Barroso, Alexandre de Moraes etc. etc. etc. reduziram o Brasil a um estado de selvageria legal sacralizada.
No curso de seu artigo Guzzo explica, em detalhes, as trapaças dos gatos gordos que a população brasileira sustenta em Brasília em ambientes de luxo. E acrescenta que ouvir Barroso e outros componentes do STF
[ ... ] É como ouvir aulas de Direito e de Ciência Política dadas pelo professor Idi Amin, ou por outros bandoleiros africanos que subiram ao status de “famosos” chefiando ditaduras de almanaque. O que o STF realmente fez no Brasil, sob o comando de Alexandre de Moraes e com a assistência de Antonio Dias Toffoli (em outro departamento), foi eliminar a pau, ao contrário do que diz Barroso, a condição fundamental para que qualquer sociedade receba o selo de “civilizada” — a segurança jurídica. É ela que obriga a autoridade pública a tomar todas as decisões com base no que está escrito na lei, e não naquilo que ela quer, ou no que acha “certo”.
[ ... ] Dias Toffoli, por sua vez, faz o contrário. Destrói a lei extinguindo um dos piores crimes que pode existir em qualquer sociedade civilizada — a corrupção. É algo que, segundo as decisões do STF, não existe mais no Brasil. Talvez até exista no papel, mas Toffoli anula automaticamente todas as condenações por corrupção dos governos do PT. Na verdade, virou jurisprudência oficial da “Suprema Corte” do Brasil de hoje. Roubou o Erário, confessou o roubo e pagou multa para sair da cadeia? É só procurar o STF — o ministro Toffoli anula todas as condenações e devolve o seu dinheiro. O resultado disso é o seguinte fenômeno: o Brasil, que é um dos países mais corruptos do mundo pelos levantamentos das organizações internacionais de vigilância, não tem um único corrupto na prisão.
[ ... ] Moraes, Toffoli e o STF, com seu apoio cego aos dois, são uma negação ambulante das regras exigidas para um país ser considerado sério. Violam as leis do momento em que levantam da cama até o momento em que desligam os seus computadores. Que civilização é essa? É praticamente a mesma, do ponto de vista mental, que existia no tempo em que os índios caetés jantaram o bispo Sardinha — Era um perigo, de fato, ser bispo naquela época. O problema, na atual civilização do STF, é que o bispo é sempre você."