Sobre ele, Nelson Rodrigues escreveu: “Outro era Leônidas, chamado ‘Diamante Negro”. Um jogador rigorosamente brasileiro, brasileiro da cabeça aos sapatos. Tinha a fantasia, a improvisação, a molecagem, a sensualidade do nosso craque típico. Bem me lembro do dia em que Leônidas fez, pela primeira vez no mundo, um gol de bicicleta. Jogavam Brasil x Argentina, em São Januário (era tempo em que São Januário conseguia ser maior que o Maracanã). Atacavam os brasileiros. Veio uma bola alta, lá da extrema, e Leônidas estava de costas para o gol. Sem tempo de se virar, ele deu o salto mais lindo que já se viu. Tornou-se leve, elástico, alado. Lá em cima, deitou-se e fez um maravilhoso movimento de pernas. A jogada, por si mesma, foi um deslumbramento. Mas além da beleza, da plasticidade, houve o resultado concreto: o gol”
Não basta a jogada despertar o deslumbramento por conta da sua beleza. É preciso fazer o gol. Tudo o que Leônidas da Silva fazia de melhor.