É preciso dizer a verdade, por mais difícil que seja: isso está indo mal”, diz a cubana Linorka Montenegro, ao deixar um armazém de distribuição de alimentos subsidiados em uma rua movimentada na Havana Velha.
A profunda crise enfrentada pela ilha comunista sufoca a capacidade do governo em abastecer os alimentos subsidiados que a população recebe há seis décadas. Agora o pão é menor, o arroz chega aos poucos e produtos como óleo ou café não são encontrados em quase lugar nenhum.
Rosalía Terrero, uma mulher de 57 anos que trabalha em um destes armazéns observa a situação de perto: “recebo sete pães” por dia, um para cada membro da família. “Meus netos comem praticamente todos”, diz, ao sair de um depósito no centro de Havana.
Ela lamenta que os idosos sejam os que mais sofrem com aposentadorias muito baixas “porque só recebem um [pão], é muito pouco, não enche a barriga”, comenta.
A situação também não melhora para outros produtos essenciais. Navios carregados de arroz e sal também foram detidos nos portos de Havana e Santiago de Cuba (leste) no início de setembro, aguardando pagamento.
A ministra do Comércio Interno, Betsy Díaz, avisou então que este mês não haveria óleo, nem café.
Enquanto isso, Linorka Montenegro, de 55 anos, que tem quatro filhos e cinco netos, vai buscar os cinco quilos de arroz e dois de açúcar, apenas parte do que recebe mensalmente através da carteira de abastecimento, com a qual cada cubano tem acesso a uma cesta reduzida de produtos subsidiados.
“Minha geladeira (geladeira) está vazia, não tem nada”, conta.
AFP