Josip Broz, o Marechal Tito, Presidente da Iugoslávia, era um comunista diferente. Depois de ter rompido com Stálin em 1948, a Iugoslávia adotou um modelo independente do comunismo e teve importante papel no Movimento dos Paises Não Alinhados.
Tito era também um comunista com classe. Carismático, tinha hábitos diferentes dos demais líderes. Gostava de cozinhar e de comer o que cozinhava. Em Belgrado, comprei um livro com receitas dele, Tito’s cook book. (Essa coisa de homem cozinhar é coisa de pederastas burgueses, pensavam Stálin e outros ferozes comunistas). Às vezes o Marechal comia também o que não cozinhava. Mesmo sessentão, consta que ainda dava no couro. Era mulherengo e vivia convidando atrizes de Hollywood, mas não só, para passar dias na seu retiro de verão da ilha de Brioni, na Croácia. Lá hospedou Sophia Loren e Elizabeth Taylor, entre outras, para quem cozinhou.
Em 1963, Tito visitou o Brasil. Na ocasião, ele e sua mulher Jovanka ofereceram um banquete para Jango e Maria Thereza Goulart. Estava sobrando vodka, rakja e caviar e, por parte de Tito, concupiscência. Depois de eventos mais formais, o iugoslavo já se sentia mais à vontade, mesmo perto de sua mulher. Durante o banquete, distribuía lembranças aos convidados e olhares para as convidadas. Seu inglês era estropiado e Barros de Carvalho, secretário da primeira-dama brasileira, procurava “interpretá-lo”. Ao traduzir, suavizava as palavras do dom Juan, que, embora encanecido, estava entusiasmado com a bela Maria Thereza.