A expressão sangue azul, segundo o Dicionário Cambridge, designa o fato de alguém nascer numa família que pertence à alta sociedade. Ter sangue azul significa que a pessoa é especial ou mais importante por nascença. Era assim que se sentiam os nobres na Idade Média. A expressão acabou virando sinônimo de nobreza.
Não se sabe ao certo a origem dessa expressão - que, convenhamos, é bem elitista. O que há são hipóteses, que, como você verá, não são excludentes. Vejamos quais são elas.
Uma das explicações tem a ver com a cor das veias em pessoas de pele branca. Já reparou que, apesar do nosso sangue ser vermelho, as veias de pessoas brancas parecem azuladas?
Segundo essa hipótese, a expressão surgiu na Península Ibérica durante a Alta Idade Média e tinha uma conotação racista. Os aristocratas europeus, que não se miscigenaram com os povos africanos que conquistaram parte da Europa, ostentavam as veias azuladas sob a pele clara, como se isso fosse sinal de pureza e superioridade. Era racismo mesmo.
Outra hipótese, levantada no site português Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, também bate na tecla da cor azulada das veias, mas desta vez a conotação seria classista. Classista ou racista, uma coisa é certa: essa expressão definitivamente não tem uma origem bacana...
A expressão teria a ver com o fato de, na Europa medieval, algumas pessoas trabalharem, outras não. Quem trabalhava estava exposto ao tempo e tinha a pele queimada de sol. Eram os camponeses, aqueles que pegavam na enxada ou criavam animais.
Já a nobreza ficava dentro dos palácios, bem protegida do sol, o que preservava a palidez da pele. E, como já vimos, quanto mais clara a cor da pele, mais azuladas parecem as veias.
Não podemos nos esquecer da importância simbólica da cor azul. O azul é uma cor importante não apenas no Ocidente.
Segundo a egiptóloga Jenny Hill, da Universidade de Glasgow, o azul no Antigo Egito representava os céus e as águas do Nilo. Era símbolo de fertilidade e da criação. Os cabelos dos deuses, segundo a crença, eram azuis. Por isso, os faraós muitas vezes eram representados com cabelos e até rostos azuis.
Se olharmos para a história de Portugal, o azul aparece no primeiro escudo do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques (1106-1185). Assim, a monarquia portuguesa surge conferindo à cor azul um lugar de destaque. Na França, o azul também tem um significado bastante especial: era a cor da monarquia e até hoje se faz presente na bandeira nacional.
Assim, além das duas hipóteses anteriores, vemos que a cor azul também aparece associada à nobreza em algumas monarquias europeias. Faz sentido pensar que a expressão sangue azul pode ter surgido daí.
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