Mais de 1.100 espécies de animais estão ameaçadas de extinção no Brasil. O motivo principal, quando se trata dos animais terrestres, é a perda e fragmentação do habitat. Em relação aos animais marinhos, a maior ameaça é a pesca predatória.
Para saber o quão ameaçada está a espécie, informamos seu estado de conservação segundo a Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). Há sete categorias: 1 - pouco preocupante, 2 - quase ameaçada, 3 - vulnerável, 4 - em perigo, 5 - criticamente em perigo, 6 - extinta da natureza e 7 - extinta.
1. Mico-leão-da-cara-preta
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (agricultura, desmatamento, obras de infraestrutura) e caça
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (crescimento urbano e agricultura)
O bicudinho foi descoberto só em 2004, mas logo entrou para a lista de espécies de aves ameaçadas de extinção. O grande problema está na destruição do seu habitat: as várzeas do Alto Paraíba do Sul e do Alto Tietê.
Só a ocupação humana nessa região representa perda de 300 km² de habitat para essa espécie. E quando falamos em ocupação humana, estamos nos referindo sobretudo ao crescimento das cidades e o avanço da agricultura, que vão rapidamente tomando o lugar das áreas alagadas da Mata Atlântica, onde vive o bicudinho-do-brejo-paulista.
Ameaças: perda e fragmentação de habitat e caça
Conhecido por muitos nomes (como gato-macambira, gato-maracajá, pintadinho e mumuninha), o gato-do-mato ocorre em quase todo território nacional (sendo pouco frequente na Amazônia) e em outros países das Américas do Sul e Central. Assim, o Leopardus trigrinus se dá bem em diversos biomas, das florestas mais densas e úmidas (como a Mata Atlântica) a espaços geográficos mais secos, como a caatinga.
A destruição desses biomas, seja pelo avanço da agricultura ou das cidades, é a maior ameaça a essa espécie de felinos. Se não forem adotadas medidas de conservação, estima-se que até 2028 haja um declínio de até 10% de sua população atual.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (expansão urbana, desmatamento)
O saguim-de-coleira é um dos primatas amazônicos que mais correm risco de extinção. Trata-se de um macaco pequeno - mede em torno de 30 cm de cabeça e tronco e pesa em média 500 g. Ele vive exclusivamente na região metropolitana de Manaus.
São várias as ameaças ao sauim-de-coleira, mas podemos destacar a perda e a fragmentação de habitat como as principais. O crescimento urbano e o avanço da agricultura estão fazendo essa belíssima espécie desaparecer pouco a pouco.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (desmatamento para pecuária e agricultura), caça e ecoturismo
Também conhecido como mono-carvoeiro, o muriqui-do-norte é o maior primata de todo o continente americano, podendo medir até 80 cm (sem a cauda) e pesar 15 kg.
A perda e a fragmentação de seu habitat, a Mata Atlântica, seja pelo crescimento das cidades ou pela conversão de florestas em áreas produtivas, estão levando esse primata ao desaparecimento. Na Bahia, por exemplo, o muriqui foi quase extinto, restando uma pequena população no Parque Estadual do Alto Cariri, localizado no sul do estado.
Ameaças: perda do habitat, degradação de mananciais e mudanças climáticas
Localizado entre os estados de Pernambuco, Ceará e Piauí, a Área de Preservação Ambiental da Chapada do Araripe é o único local onde esse pássaro, que mede em torno de 15 cm, pode ser encontrado. Até 1998, só os moradores da região sabiam de sua existência, chamando-lhe de galo-da-mata ou cabeça-vermelha-da-mata.
Uma das principais ameaças a essa espécie são as mudanças climáticas, que estão alterando de forma drástica o clima da região. Períodos de seca prolongada reduzem a vazão de fontes de água, fazendo diminuir a umidade das matas das encostas. A umidade é essencial para a manutenção dessas matas, onde vivem os últimos soldadinhos-do-araripe.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (desmatamento), caça e ecoturismo
Não confundir com o muriqui-do-norte! O Brachyteles arachnoides vive mais ao sul, embora no mesmo bioma de seu primo do norte: a Mata Atlântica. Em São Paulo, ele pode ser encontrado na Serra da Mantiqueira. Já no Rio, na Serra da Bocaina. Tal como seu primo do norte, ele é enorme!
Os problemas também são os mesmos: perda e fragmentação do habitat. Há séculos que a Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros que mais sofrem com as atividades humanas.
Ameaça: perda e fragmentação do habitat
A população de sapos-da-terra não para de diminuir. A razão para isso é o fato de seu habitat ser constantemente eliminado ou fragmentado devido às atividades econômicas ou ao crescimento das cidades.
Sapos-da-terra dependem dos brejos para sobreviver. E esses brejos estão sendo drenados para dar lugar a pastagens, plantações ou para urbanização.
Ameaças: pesca e degradação do habitat
Essa incrível espécie de peixe é encontrada praticamente em toda a América, embora ocorra com mais frequência nas costas brasileira e mexicana. No Brasil, o peixe-serra também pode ser avistado nadando na bacia do rio Amazonas.
Há duas explicações básicas para essa espécie estar seriamente ameaçada de extinção: a degradação de habitat (dos ambientes costeiros e dos manguezais) e a pesca. No caso da pesca, as grandes vilãs são as redes de emalhar e de arrasto, das quais dificilmente os peixes-serra conseguem se desvencilhar.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (expansão urbana, agricultura e pecuária)
Extinto no estado de Minas Gerais, hoje o mico-leão-da-cara-dourada só pode ser encontrado na Bahia e no Rio de Janeiro. As populações dessa espécie encontram-se fragmentadas e em declínio contínuo.
A Mata Atlântica já perdeu mais de 90% de seu tamanho original desde que os portugueses chegaram ao Brasil em 1500. E a devastação desse bioma continua, com o avanço das pastagens, da agricultura e das cidades. É por essas razões que essa espécie de mico-leão corre sério risco de ser extinta.
Ameaças: perda e fragmentação de habitat (desmatamento, crescimento das cidades)
Pouco se fala de coelhos selvagens no Brasil. Mas, sim, eles existem! Na verdade, a única espécie de coelhos nativa do Brasil é o tapiti, também chamado de coelho-silvestre ou simplesmente coelho-do-mato. Ele mede entre 20 e 40 cm, tem no máximo 6 cm de cauda e pesa cerca de 1,2 kg. Ele ocorre em praticamente todo o território brasileiro.
Ameaças: perda do habitat e captura ilegal
Classificada como "em perigo" desde 2014, a marianinha (também conhecida como periquito d'anta) é uma ave exuberante, cuja plumagem é idêntica às cores da bandeira do Brasil, exceção feita ao azul e com o acréscimo do laranja no "capuz".
Pena que toda essa beleza acaba sendo prejudicial ao futuro da própria espécie. Além da perda e fragmentação do habitat (em decorrência do desmatamento), a marianinha sofre com a ação ilegal de contrabandistas.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (pecuária, crescimento urbano), queimadas intecionais e caça
Essa espécie de tartaruga é encontrada em 26 localidades dos estados do Maranhão e Piauí, com destaque para o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. A capininga, também chamada de juraraca, jurará ou simplesmente cágado, apesar de depender de lagoas de água doce para sobreviver, pode passar meses em ambiente terrestre durante o período de estiagem.
Um dos fatores que contribuem com o desaparecimento da capininga é a perda de habitat em virtude do crescimento urbano. Além disso, muitos indivíduos morrem incinerados devido à queima proposital do capim para renovação das pastagens, prática que acontece todos os anos.
Ameaças: captura acidental durante a pesca e degradação do ecossistema
O albatroz-de-nariz-amarelo consta da lista de animais em extinção de muitos países, já que essa espécie está distribuída em várias regiões do globo. No Brasil, o albatroz-de-nariz-amarelo (que tem esse nome devido à faixa amarela na parte de cima do bico) pode ser visto principalmente na costa sudeste e sul.
A grande ameaça a essa espécie de albatroz é a pesca de espinhel, uma técnica que se utiliza de vários anzóis e iscas. Atraídos aos barcos pesqueiros em busca de comida, muitos albatrozes tentam comer a isca antes que ela atinja a profundidade ideal para a captura de peixes, sendo fisgados por engano e morrendo afogados.
Ameaças: perda, fragmentação e degradação do habitat (mineração)
O morceguinho-do-cerrado é bem pequeno, medindo em torno de 35 cm e pesando 12 g. Ele habita cavidades e cavernas do cerrado brasileiro, podendo ser encontrado sobretudo no estado de Goiás.
O maior problema que essa espécie enfrenta tem a ver com o desmatamento do cerrado, que representa para ela a perda de seu habitat. Outra ameaça é a mineração, atividade que destrói o ambiente que essa espécie precisa para se abrigar.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (desmatamento, agricultura), uso de recursos biológicos (extração da madeira) e poluição
Medindo em torno de 20 cm, o pequeno barraqueiro-do-nordeste é conhecido por esse nome porque costuma construir seu ninho em barrancos, fazendo um pequeno buraco na terra. Sua distribuição geográfica é bastante restrita, podendo ser encontrado em algumas áreas do nordeste.
Sua população não para de diminuir devido sobretudo à perda e à degradação de seu habitat. A expansão das plantações de cana-de-açúcar constitui uma ameaça real ao barranqueiro. Outra ameaça é a exploração ilegal de árvores, problema que pode ser notado na Estação Ecológica de Murici, em Alagoas.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (desenvolvimento residencial e comercial) e degradação ambiental (introdução de plantas exóticas e animais domésticos)
Este curioso mamífero da ordem dos roedores, que mede em torno de 20 cm, vive a maior parte do tempo no subsolo, em túneis que ele mesmo cava sob as areias da costa do Rio Grande do Sul. Lá o tuco-tuco se abriga, se alimenta, se reproduz e cuida de seus filhotes, saindo de vez em quando para buscar alimentos, como folhas e talos.
O que mais ameaça o tuco-tuco, segundo a IUCN, é o avanço de habitações urbanas e áreas de turismo, que interferem de forma negativa no seu habitat.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (agricultura e pecuária)
O macuquinho-baiano ocorre numa área bastante restrita, uma estreita faixa de Mata Atlântica de planície que se estende entre as cidades de Ilhéus (ao sul) e Valença (ao norte), no litoral baiano.
Devido à perda de habitat, a população de macuquinhos, que já é pequena, está ficando cada vez menor. A Mata Atlântica costeira na Bahia tem hoje apenas 10% de seu tamanho original.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (desenvolvimento residencial e comercial), doenças invasivas e extração de madeira
Também chamado de sagui-estrela-preto, este pequeno primata, endêmico da Mata Atlântica do sudeste, vive em grupos de no máximo oito indivíduos, com uma fêmea dominante.
As duas maiores ameaças ao sagui-da-serra-escuro são a perda de habitat e a competição por recursos com outras espécies. Uma das espécies invasoras é o sagui-de-tufos-brancos, originário do nordeste. Essa espécie foi introduzida na região provavelmente por pessoas que compram esses animais no mercado ilegal e depois os soltam na mata.
Ameaças: perda e degradação do habitat (poluição e extração de água dos rios)
Essa ave foi descoberta em 1957, durante a construção de Brasília. Suas aparições são raras, já que a ave é pequena (tem em média 11 cm) e se confunde com a folhagem das matas de galeria onde vive. Matas de galeria são faixas de floresta ao longo de zonas úmidas e rios.
O tapaculo depende dessas zonas úmidas para sobreviver. A diminuição da vazão dos rios, devido à utilização da água para sistemas de irrigação, é uma das razões para a degradação de seu habitat. Além disso, não podemos nos esquecer do desmatamento do cerrado.
Ameaças: pesca, degradação do habitat (barragens e hidrelétricas) e poluição
Medindo em torno de 2,30 m e pesando 150 kg, o boto-cor-de-rosa é o maior golfinho de água doce do mundo. Ele vive na bacia do rio Amazonas e tem fama de conquistador. Diz a lenda que, nas noites de lua cheia, o boto-cor-de-rosa se transforma num belo rapaz que vai às festas da cidade jogar seu charme para cima das moças solteiras.
A lenda é curiosa. Mas a realidade do boto não é das melhores. Algumas atividades humanas, como a pesca e a construção de obras de infraestrutura, constituem ameaças para a espécie. Barragens dividem as populações e dificultam a migração.
Ameaças: perda e fragmentação de habitat (expansão urbana, desmatamento, agricultura, pecuária), caça e instalação de usinas hidrelétricas
Essa espécie de bugio pode ser encontrada em duas regiões: no norte (Amazônia), onde vivem 95% de sua população, e no litoral nordestino (Mata Atlântica). Esses macacos são considerados grandes, medindo cerca de 1 metro (com a cauda) e podendo pesar até 8 kg.
Se medidas não forem tomadas para conter o desmatamento da Amazônia, esse bioma pode ser completamente devastado até 2070. Com a perda do habitat, a tendência é a de que o guariba-de-mãos-ruivas também desapareça.
Ameaça: perda e fragmentação de habitat (desmatamento), atropelamentos e caça
O lobo-guará, também conhecido como lobo-vermelho ou agaraçu, é o maior canídeo da América do Sul. Os maiores animais podem chegar a um metro de altura e pesar até 30 kg. Trata-se de um animal de hábitos noturnos, solitário e tímido, praticamente inofensivo para os seres humanos.
O lobo-guará sofre sobretudo com a devastação do cerrado (resultado do avanço de áreas de pastagens e de plantações) e com a caça. Rodovias também oferecem risco ao grande lobo do cerrado, que pode ser atropelado por veículos durante suas andanças noturnas.
Ameaças: perda e fragmentação de habitats, doenças exóticas, caça, degradação do ecossistema
A maior espécie de cervo da América Latina (podendo pesar até 130 kg) habita principalmente as zonas de várzeas dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Originalmente, o Blastocerus dichotomus transitava por todas as regiões do país, desde o sul da Floresta Amazônica até o sul do Rio Grande do Sul.
Porém, devido sobretudo à perda de habitat e à caça predatória, a população desse belíssimo cervo foi diminuindo ano após ano, encontrando-se hoje em situação de vulnerabilidade. A perda de habitat se deve a vários fatores, entre os quais a pecuária, a agricultura e obras de infraestrutura - a construção de barragens elimina as várzeas dos rios, ambiente do qual o cervo-do-pantanal depende para sobreviver.
Ameaças: perda e fragmentação de habitat (agricultura, pecuária, mineração) e caça
A maior espécie de felino das Américas ocorre numa grande extensão do território brasileiro e em todos os biomas (do cerrado à Mata Atlântica), exceto nos pampas do Rio Grande do Sul. Um indivíduo macho pode pesar até 135 kg e medir 1,90 m de comprimento.
Tecnicamente, o jaguar (como também é conhecido) não está em extinção. Porém, isso pode ocorrer no futuro, já que sua população se encontra em declínio contínuo. As duas grandes ameaças à onça-pintada são a perda e fragmentação de habitat (avanço de pastagens e plantações) e a caça.
Ameaças: caça e perda de habitat (desmatamento)
Também conhecida como jacupará, jacuapeti e peru-do-mato, a jacutinga destaca-se fisicamente pela sua crista branca e seu bico azulado. Passa a maior parte do tempo nas árvores e se alimenta de frutos, entre os quais o coquinho da palmeira juçara. Ela tem em torno de 75 cm de altura.
Como tantas outras espécies da Mata Atlântica, a jacutinga sofre com a perda de habitat. A caça também constitui uma ameaça a essa espécie, cuja população está em declínio.
Ameaças: perda e fragmentação de habitat, caça e atropelamentos
Essa espécie é a maior da família dos tamanduás, podendo atingir dois metros de comprimento entre o focinho e a ponta da cauda. O bicho também é bem pesado: os maiores indivíduos passam dos 40 kg. Trata-se de um animal exuberante, que pode ser encontrado em várias regiões do Brasil (do Amazonas ao Paraná) e em outros países das Américas do Sul e Central.
Infelizmente, a espécie encontra-se em situação de vulnerabilidade devido a vários fatores: desmatamento, agricultura, pecuária, incêndios, caça e construção de rodovias, que leva a atropelamentos.
Ameaças: perda e fragmentação do habitat (desmatamento, agricultura) e caça
Esta é a menor espécie de tatu do Brasil (tem em torno de 42 cm) e a mais ameaçada. Sua escolha para ser o mascote da Copa do Mundo do Brasil em 2014 se deveu em grande medida ao fato desse animal estar correndo risco de extinção. Um dado curioso sobre essa espécie é a sua estratégia de defesa: diante de qualquer ameaça, o tatu se enrola feito uma bola, protegendo-se com sua grossa carapaça.
Mas o pequeno e tímido tatu-bola não consegue se proteger dos seres humanos. O avanço do agronegócio e a caça são as duas principais ameaças ao futuro desse animal tipicamente brasileiro. Se nada for feito, essa espécie pode desaparecer até 2070.
Ameaças: perda e fragmentação de habitat (para plantações e pastagens) e caça
Também conhecido como mutum-de-bico-vermelho, esse galináceo é da mesma família da jacutinga. Tal como a prima, vive na Mata Atlântica, podendo ser encontrada em apenas seis áreas distribuídas sobretudo na região sudeste. Essa espécie de mutum mede entre 80 e 85 cm e pesa aproximadamente 3,5 kg.
Ameaça: perda e fragmentação de habitat
O choquinha-chumbo vive na Mata Atlântica, ocorrendo de forma bastante fragmentada na Bahia, entre os municípios de Itabuna, Jequié e Itarantim; em Minas, entre Ipatinga e Ponte Nova; no Espírito Santo, em municípios como Itarana, Colatina, Linhares e Nova Venécia.
Acredita-se que a população de choquinha-chumbo esteja em declínio devido à constante perda de habitat. O que salva essa espécie é o pequeno número de áreas protegidas onde ela se refugia, como a Reserva de Serra Bonita, no sul da Bahia.