As pirâmides do Egito exercem enorme fascínio, seja pela sua beleza, pela sua história ou mesmo pelos seus mistérios. Apesar dos avanços nos estudos sobre essas incríveis estruturas de pedra construídas há milhares de anos, ainda restam muitos enigmas arqueológicos à espera de decifração.
Vejamos o que os cientistas descobriram até agora.
As pirâmides são túmulos de antigos faraós (os reis do Egito Antigo), bem como de seus cônjuges e até de suas mães. Uma das últimas pirâmides descobertas por arqueólogos, em 2008, teria sido construída há cerca de 4.300 anos para abrigar os restos mortais da mãe do faraó Teti, que deu início à 6ª dinastia do Antigo Egito.
Mas nem sempre foi consenso que as pirâmides são túmulos. No século XVIII chegou-se a acreditar que as pirâmides poderiam ter servido para outros fins, como refúgio ou grandes silos para armazenamento de alimentos. Mas essas teorias não vingaram. Está comprovado que as pirâmides são gigantescos mausoléus que serviam para assegurar a existência do faraó após a morte.
Com a descoberta de 2008, são ao todo 123 pirâmides conhecidas, sendo que nem todas se encontram de pé ou em bom estado de conservação como as famosas pirâmides de Gizé.
Por exemplo: em 2017, foram encontradas, na necrópole Dahchur, ao sul do Cairo, ruínas de uma pirâmide de aproximadamente 3.700 anos de idade. Portanto, são restos de uma antiga estrutura descobertos por meio de escavações arqueológicas.
As pirâmides mais famosas do Egito são as três pirâmides de Gizé. A menor é a Miquerinos, depois vem a Quéfren e a maior de todas é a Quéops. Esses são os nomes dos faraós para os quais as pirâmides foram construídas.
A maior de todas as pirâmides é a de Quéops, localizada na cidade de Gizé, a apenas 20 km da capital Cairo. Também conhecida como a Grande Pirâmide de Gizé, esse túmulo foi construído por volta de 2.584 a.C. e possui impressionantes 145 metros de altura com 230 metros de largura! Isso equivale a um prédio de mais de 40 andares. Incrível, não é mesmo?
Esse colosso da Antiguidade é composto por 2,6 milhões de blocos de pedras talhadas com volume médio de 1,3 m³ cada. Ao lado dessa magnífica construção, há outras duas pirâmides, que compõem a chamada necrópole (ou cemitério) de Gizé: a dos faraós Quéfren e Miquerinos, além da Esfinge.
A pirâmide do faraó Quéops é a mais antiga e a única das Sete Maravilhas do Mundo Antigo que se encontra praticamente preservada até hoje. Porém, a múmia do faraó nunca foi encontrada.
Em outras palavras: por que construir túmulos nesse formato e gigantescos, maiores que muitos edifícios modernos?
Em primeiro lugar, é preciso olhar para o formato das pirâmides. São estruturas que apontam para cima, simbolizando a ascensão ao céu. O tamanho também tem a ver com isso: quanto mais alta a pirâmide, mais próxima do céu.
A grandiosidade e o luxo desses túmulos se explicam pela importância política e religiosa das pessoas que eram sepultadas ali dentro. O faraó, além de ser a principal liderança política do Egito Antigo, era considerado filho de algum deus do panteão egípcio. Alguns faraós, inclusive, chegaram a ser cultuados como deuses já em vida. Portanto, esses túmulos representavam todo seu poder político e religioso que detinha. Daí a grandiosidade e o luxo das pirâmides.
Além disso, a crença de que o espírito permanecia vivo após a morte caso o corpo fosse preservado - o que explica a mumificação - fez com que fossem construídos túmulos feitos para durar e para não serem violados. Assim, as pirâmides são refúgios feitos para resistirem à passagem do tempo e para evitar saques.
A mastaba, tipo de túmulo usado pela nobreza, era mais vulnerável à ação de ladrões. Não nos esqueçamos de que nas pirâmides, além do corpo embalsamado do faraó, também eram armazenados os bens terrestres necessários para a vida no Além.
Não existem certezas absolutas em relação a esse tema. Mas as últimas descobertas arqueológicas, feitas por cientistas da Universidade de Liverpool e do Instituto Francês de Arqueologia Oriental, dão conta de que espécies de trenós de madeira puxados por cordas eram utilizados no deslocamento dos blocos de pedra. Esse sistema de transporte também contaria com o auxílio de cordas e troncos de madeira, além de alavancas e planos inclinados.
Quando se fala de pirâmides, este é, sem dúvida alguma, o assunto mais polêmico. Houve tempos em que se pensava que as pirâmides teriam sido construídas por seres extraterrestres. E talvez ainda hoje algumas pessoas acreditem nisso.
Sabe qual o peso dessas rochas? Na maior de todas as pirâmides, a de Quéops, a pedra mais leve pesa 500 kg e a mais pesada, 6 toneladas! Se pensarmos que essas pirâmides foram construídas há mais de 4.000 anos, quando não havia caminhões nem guindastes, dá para compreender por que muita gente ainda acredita que essa tarefa tenha sido feita por ETs...
É verdade que há 4.500 anos não havia betoneiras, tratores, caminhões, guindastes etc. Mas havia, sim, bons arquitetos, conhecimentos avançados de matemática, ferramentas (para extrair e cortar rochas) e muita mão de obra. A questão é: como, a partir disso, eles foram capazes de erguer esses colossos no meio do deserto?
Vale ressaltar os notáveis conhecimentos matemáticos dos arquitetos envolvidos nessas obras literalmente faraônicas. William Petrie (1853-1942), famoso arqueólogo, passou nove meses em Gizé no final do século XIX para estudar as pirâmides e encontrou erros de desnivelamento de apenas 15 milímetros na base de 230 metros da pirâmide de Quéops.
Não, não foram escravos que construíram as pirâmides, embora muita gente ainda pense que sim.
Quem suou a camisa para levantar essas estruturas monumentais foram camponeses que trabalhavam as terras pertencentes ao faraó, e que não eram propriamente escravos. Foram eles que arrastaram e levantaram as pedras que constituem as grandes maravilhas do Egito Antigo.
Durante a cheia do Nilo, esses camponeses eram recrutados para executar obras públicas, entre as quais os monumentos funerários que conhecemos como pirâmides.
Não foi sob a ameaça constante da violência que esses homens construíram as pirâmides, mas motivados pela fé e pela crença na divindade de seu soberano. Além disso, estudos indicam que essas pessoas eram recompensadas pelos seus esforços com comida e bebida e recebiam tratamento médico.
A mais antiga das pirâmides é a do faraó Djoser, da III Dinastia, construída por volta do ano 2.660 a.C. Essa pirâmide veio substituir as mastabas, estruturas que ficavam em parte enterradas, em parte descobertas, que antes serviam de túmulos para os faraós.
A pirâmide de Djoser tem quatro faces e escadas voltadas para o céu, com degraus grandes (entre 9 e 11 metros). Ela tem por volta de 60 metros de altura.
Esse é outro tema que divide opiniões, e até hoje ninguém sabe dizer por quê. Existem apenas hipóteses do que pode ter acontecido.
A mais famosa e maior de todas as pirâmides foi, em tese, construída para ser a última morada do grande Quéops, segundo faraó da 4ª dinastia, que reinou entre 2551 a.C. e 2528 a.C. A julgar pelo tamanho da obra, esse faraó deve ter sido realmente muito importante.
Mas o fato é que a múmia de Quéops nunca foi encontrada. A sua majestosa e imponente casa mortuária foi encontrada vazia e nunca se soube do paradeiro do corpo do grande faraó.
A hipótese mais conhecida, e talvez a mais aceitável, é a de que a múmia de Quéops tenha sido roubada. Isso mesmo: roubaram a múmia e todos os bens valiosos que eram colocados na câmara mortuária junto ao corpo. Na verdade, poucas múmias escaparam à pilhagem, que já era feita na época dos faraós e que continuou a ser feita ao longo dos séculos.
Por isso que a descoberta em 1922 da tumba de Tutancâmon, contendo a múmia intacta do jovem faraó, foi um feito importantíssimo para os estudos arqueológicos. A múmia do faraó menino continua em seu túmulo original, no Vale dos Reis, em Luxor.
Sobre Quéops, existe ainda a possibilidade da múmia nunca ter estado dentro da pirâmide. Reforça essa tese o fato da pirâmide ser muito bem protegida, com corredores bloqueados por lajes de pedra extremamente pesadas. Perfurar a pirâmide para acessar a câmara mortuária também seria uma tarefa muito complicada.
Os defensores dessa hipótese sugerem que o corpo pode ter sido levado para outro lugar, justamente para despistar ladrões. A pirâmide teria ficado como uma espécie de símbolo do túmulo do grande faraó, cujo corpo teria sido sepultado em outro lugar, com base na crença de que a manutenção do corpo e dos pertences do morto eram fundamentais para a preservação do espírito. Mas que lugar é esse até hoje ninguém sabe.
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