ANTONIO DE PEDOCA
Hoje resolvi falar sobre uma figura fantástica ainda viva na cidade de Piancó.
Antonio de Pedoca. Um homem de uma simplicidade e inocência quase comparado a uma criança, mais de um papo com um dialeto Piancoes que só ele mesmo sabe.
Era de costume quando eu e minha mulher éramos mais jovens viajar com mais frequência a Piancó, E como a primeira coisa a fazer, ir até a casa de Antonio, para carregá-lo comigo não só para bebericar coisa que eu e ele gostávamos muito mais que disfarçadamente eu confesso, que usava também como meu segurança, já que ele tem um porte físico enorme, e um ar de respeito capaz de inibir alguém de mexer comigo, pois eu era e ainda sou bastante irreverente e às vezes brinco e algumas pessoas não me entendem.
Pegava em casa botava no carro e ia pro bar da moda lembro que nessa época, o bar mais famoso era e ainda é o céu de minha amiga Salete Remigio. La encontrava meu amigo João Remigio, a Própria Salete, e começava o papo sempre rindo com as histórias de Antônio.
Foi aí que descobri que ele não conhecia João Pessoa, resolvi arranjar alguma desculpa para Marlene sua esposa e consegui. Segundo ele me contara seu saxofone estava quebrado e precisava de concerto e só em João Pessoa tinha como resolver, com a embromação resolvida e minha torcida também para que ele passasse alguns dias comigo em João Pessoa resolvemos viajar.
Chegando a João Pessoa as vésperas do aniversário da minha esposa Daisy, ela resolveu não fazer festa mais uma reunião em família, convidando apenas os parentes mais próximos. Foi aí, que lembramos que Antônio tinha saído de Piancó às pressas deixando em casa roupa social sapato em fim, viajando como se estivesse de férias mesmo sem nunca ter trabalhado na vida.
Tinha que arrumar Antonio, para o jantar como fazer! Foi aí que Daisy usou de sua imaginação e conseguiu uma roupa e um sapato meu que dava nele não sei como, só sei que eu calço 39 e ele 42 e conseguiu calçar o sapato para o jantar que se aproximará.
Conversa vai conversa vem e ele olhando sempre para mim e fazendo careta, eu senti que alguma coisa estava errada e perguntei se ele estava gostando daquele jantar já que tinha bebida e comida a vontade, ele prontamente respondeu:
Tavinho pelo amor de Deus que hora esse povo vai embora
Eu perguntei por que Antônio
Ele respondeu, meus pés ta queimando mais do que o fogo do Paraná.
O povo foi embora à festa acabou e para felicidade geral ele tirou o sapato e o alivio foi total ao ponto de dizer eu já estava quase pedindo pra ir pra Piancó.
Bom, vem agora à segunda parte que era de fato conhecer João Pessoa, acordamos cedinho, entramos no carro e fomos dar uma volta no centro mostrei a lagoa, palácio, catedral etc. Mas o que senti mesmo é que ele queria conhecer de fato a praia e eu sabendo disso, falei que iríamos agora para praia tomar cerveja com um delicioso tira gosto que ele não conhecia.
Fomos para a barraca do meu compadre Luiz, ambiente propicio para uma boa farra, sombra, cerveja gelada, fazendo sol e muita gente bonita sentamos, pedi a cerveja minha mulher que nos acompanhava pediu uns caranguejos o garçom o trouxe ele observou e falou para mim.
Tavinho eu não vim para João Pessoa pra comer aranha caranguejeira não, leva isso pra la. Aí eu pedi um prato de agulhas fritas ele olhou e começou a comê-las achei pelos seus olhos que estava aprovado o tira-gosto eu perguntei e aí Antônio gostou, ele respondeu com seu dialeto piancoes vixiiiiii branquim não pega nem letra home.
Branquinho é um peixe do sertão que tem 60% de espinhas, 20% de cabeça e 20% de carne sem contar com o tradicional aroma que deixa na boca quando terminamos de comer.
É esse o Antônio de Pedoca meu primo irmão que eu adoro e continua a me ciceronear quando vou a Piancó
Tavinho Sá Leitão