Quem Lembra
da antiga usina de beneficiamento de algodão em Piancó. Eu sou. de um tempo em
que tínhamos mais juízo, pois não víamos televisão, coisa desconhecida por nós piancoenses.
Falávamos nosso próprio dialeto, hoje substituído pela linguagem padronizada
das novelas globais.
Nas tardes noites de domingo as “meninas moças”, usando um “califon” bem maior
para os seus tamanhos, “tirado escondido” da mamãe ou das irmãs mais velhas,
vestindo “saia godê” sobre “anáguas” com” bicos” e “bem engomadinhas” e uma
blusa “banlon” “arrodeavam” a Praça Salviano Leite. Perdemos a conta do número
de voltas que elas davam em torno da praça. Mas se elas fossem “enfileiradas”
na estrada, daria para ir “inté” João Pessoa. ficávamos
até a difusora terminar sua programação que tinha Nitrozim como locutor.
E quando arranjávamos uma namorada, uns três meses depois, os amigos perguntavam: “Já pegou na mão”? Era a maior ousadia que se permitia e a suspeita de que o namoro “era pra casar”..
Que tempos bons aqueles em que nos divertíamos nos dias de feira! As ruas
ficavam “apinhadas” de “beradeiros”, que de “boca aberta” “espiavam” “abismados”
os carros novos dos ricos da época, a loja de J. G de Carvalho, o armazém do
povo, não entrava na sorveteria flor de Anahy porque era chique para eles, os “moleques
de rua”, “doidinhos” para ganhar alguns “tostões”, iam logo perguntando: “quer
carro de mão”? “Tadinho deles!” Exclamavam algumas beatas. E como era bom ouvir
os “chapeados da usina” conduzindo pelas ruas e calçadas “prensas de algodão
beneficiados”.
E quantas vezes eu fiquei na “entradinha” da “Rua velha” esperando a “minha mãe”
para trazer da feira alfenim.
A noite dos
fins de semana assistir ao seriado “Rim, Tim, Tim”, no cine Manaíra que tinha
Zé Manoca como o operador de filme.
Perdi a conta de quantas cassadas eu fiz na serra de Santo Antônio com Antônio
e Assis de Pedoca, primos irmãos
Fui Bicheiro da banca de Vavá bento, e freguês do doce de Leite de dona
Adalgisa.
As “meninas” recebiam das mães a recomendação para voltarem cedo para casa,
pois sempre faltava luz elétrica na cidade.
as ruas eram um verdadeiro “breu”. Elas tinham medo dos “dos bebuns”! Então, às nove horas da noite do domingo, a praça ficava um “ôco”. E nós íamos “merendar” no bar de xuxuta pão com queijo de qualho
Todos os dias, “íamos para a praça , “com o chefe mor da fofoca com galo Branco”,
sentava-se no “nos bancos pra falar da vida alheia “Se você amigo se deu o
trabalho de ler até aqui e tiver mais de 60 e não entendeu nada então é porque você
não é de Piancó.
Pense numa cidade metida a besta que hoje já é falada até nas oropas.
Tavinho Sá Leitão.